terça-feira, 23 de agosto de 2011

E Agora Libia?

E agora Líbia? Um verdadeiro clima  de guerra civil, milhares de mortos e feridos e qual é o futuro? 
A informação e contra- informação é muita, os rebeldes dizem estar por horas a queda do regime e os apoiantes do regime afirmam resistir e que ainda nada está perdido.

Não sou um apoiante nem um seguidor do Khadafi, no entanto julgo ser importante deixar algumas considerações sobre a realidade quotidiana da Líbia e do que de momento se está a passar.

Tenho um camarada de trabalho lá na empresa que nos anos 80 (e já foi há 30 anos) que esteve a trabalhar na Líbia. Segundo ele era o único país onde nunca imaginava poder haver este tipo de revolta.
 Porquê? Porque o Khadafi é um louco com pulso de ferro? Não. Porque as pessoas viviam bem.

Quando esse colega foi trabalhar para a Líbia foi numa altura controversa, em que a Líbia sofria embargos e que o senso comum dizia estar contra tudo e contra todos, aliás a Líbia era acusada de terrorismo e Ronald Regan Presidente dos EUA em 1986 mandou bombardear diversos alvos em Tripoli, com o resultado de 130 mortos.

No entanto e para os mais esquecidos, em Portugal nos 80 viveram-se momentos terríveis e não eram poucos os trabalhadores que tinham salários em atraso e como tal esse mesmo colega resolveu arriscar a sua  sorte e ir trabalhar para a construção civil fora do País.

Foi então para a Líbia construir casas/ vivendas para o povo Líbio. Descreve ainda hoje a Líbia como um país com heranças religiosas e culturais muito rigidas, mas que no entanto os seus cidadãos eram protegidos pelo governo.
Não viu fome, não viu pessoas sem casa, não viu ninguém mal vestido, nem ninguém a sofrer com o desemprego ou problemas relacionados com drogas sejam elas álcool ou outras substancias.

Todos os Líbios tinham a sua casa oferecida pelo Estado, todos os Líbios tinham um subsidio mensal atribuído pelo Estado Líbio e proveniente da mais valia do petróleo que era entendido como sendo de todos.

Um País que segundo alguns o seu maior problema era a falta de consciência para as questões ambientais, sendo a gasolina tão barata que o uso do automóvel era recorrente para tudo e as noções de recolham de lixo não eram compatíveis com os padrões ocidentais.

Não digo que fosse o melhor dos mundos, aceito que a falta da liberdade acabe por ser com maior facilidade uma faísca no rastilho da revolta, mas e agora?

Para onde querem ir os Líbios? Os revoltosos não são revolucionários porque não pretendem romper com um modelo antigo de sociedade, mas querem sim instaurar esse modelo. Vão abdicar dos seus direitos e da sua soberania em troca de o quê? 

Vai a Líbia voltar até 1970 e permitir de bom agrado que os EUA voltem a ter bases militares no seu solo? Vai voltar a concessionar a exploração do petróleo privando o seu povo da sua mais valia?

Mais que a queda de Khadafi é isto que está em causa. Interesses económicos. A Nato continua todos os dias a bombardear a Líbia e  não estão propriamente interessados no povo Líbio, mas sim na exploração dos seus recursos.

Num modelo de sociedade falhada em que vemos todos os dias os resultados das contradições do capitalismo, como foi o caso da Inglaterra e do levantamento desconcertado dos seus jovens que mais tarde viriam a ser presos numa autêntica acção de terrorismo de estado, dá que pensar é esse o futuro que alguns Líbios querem.

Vamos a ver se não se arrependem dos préstimos do Imperialismo Norte Americano... afinal estão apenas a ser o queijo na ratoeira.