Muito já foi dito sobre a campanha que o Pingo Doce lançou no dia Internacional do Trabalhador, mas ainda muito há para dizer até pelo facto dessa mesma campanha ter sido lançada de forma selvagem mostrando bem o que o sr. Jerónimo Martins pensa do País e das dificuldades que os trabalhadores estão a passar; está borrifar-se.
Ao grupo Jerónimo Martins apenas interessa os lucros a conquistar para distribuir pelos accionistas. Isso mesmo já se tinha constatado quando o grupo transferiu a sua sede para a Holanda para pagar menos impostos.
E é normal que assim seja, está-lhes na essência. Eles são o capital, cegam por lucros, não têm pátria, vivem à custa da exploração e para isso desenvolvem todo o tipo de artimanhas para a desenvolver.
Ontem no Jornal da Noite dizia o director geral do Pingo Doce que esta era uma campanha que apenas foi lançada porque o grupo Jerónimo Martins pretende ajudar as pessoas afectadas pela crise.
Assim é demais, é preciso não ter pingo de vergonha!
Se o grupo realmente quer ajudar a combater a crise, primeiro não deslocalizava a sua sede e pagava impostos em Portugal contribuindo assim para a redução do défice e em segundo e num sinal de consciência e de responsabilidade social, até porque estava-lhe facilmente ao alcance, aumentava os baixos salários dos seus trabalhadores.
Mas isso obviamente eles não fazem.
Esta foi uma campanha publicitária enormíssima, coisa que o aumento dos salários ou com o manter a fixação da sede em Portugal não aconteceria.
Para além disto a abertura no feriado do Dia Internacional do Trabalhador tem um cunho ideológico enormíssimo.
Assim dá-se um sinal que já não interessa a afirmação da importância do trabalho na sociedade e dos direitos de quem trabalha, como se esse assunto fosse de um passado longínquo e não uma questão bastante actual.
Mas se em relação à campanha não me admira que o Pingo Doce avança-se com ela, igualmente não me admira a reacção das pessoas.... embora lamente profundamente.
Num ambiente de crise profunda, onde muitas famílias fustigadas pelo desempregou ou que simplesmente viram o seu poder de compra afectado pela subida do custo de vida, que as pessoas procurassem "desalmadamente" encher os carrinhos para que o vencimento estique mais um pouco.
Mas a questão volta a ser a mesma, se o Pingo Doce e como é natural previu a adesão em massa aos supermercados ao ponto de reforçar a segurança, onde está a sua responsabilidade social ao permitir acontecimentos deprimentes como a violência entre clientes, o excesso do volume de trabalho dos seus funcionários ao ponto de no dia de ontem haver alguns que nem eram capaz de abrir sacos de plástico, o expor esses funcionários a situações desagradáveis e até a situação de pré- estado de sitio onde se chega a oferecer 20€ por um carrinho (Santarém) ou onde se retirava compras do carrinho de outras pessoas.
Em relação ao que pude assistir através das imagens nos jornais e televisões parecia-me um dejávu.
Lembro-me no "Ensaio sobre a cegueira" de José Saramago, de uma altura em que os cegos descobriram a arrecadação repleta de alimentos de um supermercado vazio.
Foi o caos e a confusão. Lutavam e atropelava-se ao ponto de matar sem qualquer remorso e estragando mais que o que comeram.
Já anunciou o Pingo que vai repetir a experiência pois foi muito proveitosa! Aposto que sim, estimular o consumo desnecessário acaba por ter os seus resultados. Que belos beneméritos!
Lamentável é que mais uma vez a ASAI que para os pequenos tem tanta força, não tenha força suficiente para castigar este acto digno de corsários financeiros.
Em relação aos partidos políticos ,PSD e o CDS continuam a dar cobertura ultraliberal que os caracteriza e o PS nem pestaneja. Falam do 5 de Outubro e do 1º de Dezembro , mas do 1º de Maio nem uma palavra.
Realmente viver assim não custa! Viver à custa da miséria alheia é no Pingo Doce.
Realmente viver assim não custa! Viver à custa da miséria alheia é no Pingo Doce.