sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um dia em cheio.

Tenho andado bastante atarefado nos últimos dias com o estudo e com as diversas tarefas que tenho que cumprir e como tal tem-me sido bastante difícil fazer qualquer actualização que seja no "Ventos de Abril". No entanto e tendo em conta  dois acontecimentos hoje ocorridos, os quais julgo de interesse, não podia deixar de vir até "aqui".

A manhã começou cedo e às 7.15h já estava à porta de uma empresa do sector em Almeirim. Fazia trabalho regular de contacto com os trabalhadores e distribuir um comunicado do SIESI aos mesmos.

Por volta das 7.40h fui surpreendido por um "Mercedes" que entrou a alta velocidade nas instalações da empresa. Era o patrão.
Visivelmente incomodado com a minha presença, o Sr. injuriou de tudo e mais alguma coisa o movimento sindical, afirmou-se sindicalista (ironia) e fez todo um alarido digno de um reaccionário nos anos gloriosos do PREC.
A encenação foi tal que chamou um trabalhador para que este me dissesse que não lhe deviam nada.
Confesso que a situação me incomodou um bocado, não por todas as inverdades e disparates disparados, mas sim pelo estado de "pilha de nervos" em que estava o Sr.

Obviamente não deixei de fazer o que estava a fazer e quem acabou por voltar para casa foi o Sr.

Mais tarde alguns trabalhadores ligaram-me a cumprimentar-me, a desvalorizar os gestos do patrão e a afirmar que dissesse ele o que dissesse, sabiam que o sindicato estava ali para os ajudar.

De Almeirim, fui a Évora. Continuação do julgamento de uma multinacional de material  electrónico, que fazendo a sua leitura da lei, obrigou de 2006 a 2009 os trabalhadores a fazerem 6 dias de trabalho extraordinário não remunerado, para alegadamente terem direito aos 22 dias úteis de ferias.

O julgamento já ia na sua 5 ª sessão, o que se começava tornar numa tormenta, quando para surpresa de todos no inicio da sessão o advogado da empresa propõe ao tribunal um acordo em dinheiro para os trabalhadores.

Situação curiosa para uma empresa, poderosa multinacional que nada teme, que tudo faz na legalidade (ironia) e de repente verga perante um grupo de operários que despediu em 2009, após um período de lay-off.

Poderam então aquele conjunto de trabalhadores sair do Tribunal de Trabalho de Évora com uma quantia total de 22 mil euros.

Esta situação comprova a velha máxima: "Quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre". 

Vitória com sabor especial para quem foi durante anos usado e abusado pela sua empresa e que mais tarde se viu desempregado e com uma empresa de trabalho temporário a efectuar o seu trabalho.

Fez-se justiça e voltará a fazer-se caso os mais de 1200 operários da fábrica assim o queiram.