segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Centenário da República

" A implantação da República em 1910 é um importante marco da história e da luta do povo português que importa assinalar.

A Primeira República foi proclamada a 5 de Outubro de 1910 por cidadãos, agrupamentos e organizações progressistas e vanguardistas dentro do espectro politico-social português, com o apoio incondicional e fundamental das camadas populares da cidade de Lisboa.O Povo e as suas estruturas foram a alavanca de sucesso da Revolução.

Não podemos esquecer a componente militar do movimento republicano triunfante em Outubro de 1910, composta por elementos do Exército e da Armada, da classe de oficiais, sargentos e praças. Aliás, este amplo movimento contou com a acção de centenas de revolucionários civis, o que permitiu derrotar uma monarquia claudicante
aos interesses de uma minoria e em clara desagregação, incapaz de dar resposta aos desafios do inicio do Século XX.

Os contributos dos revolucionários civis nas principais cidades e vilas portuguesas, imbuídos da lembrança do acontecimento revolucionário republicano protagonizado no Porto a 31 de Janeiro de 1891, contribuiu para a defesa e consolidação da República, sendo por isso mesmo um facto inegável da História de Portugal.

Todos os que honraram o ideal republicano e por ele lutaram e morreram, bebendo as máximas da Revolução Francesa de 1789, merecem o nosso respeito e memória.

Na Constituição de 1911, foram finalmente abolidos todos os privilégios decorrentes do nascimento e criadas condições para que o mérito pessoal promovesse o acesso à educação e ao emprego, contribuindo para diminuir as assimetrias entre ricos e pobres. A separação da Igreja, do Estado foi concretizada. O registo civil foi tornado obrigatório. Os problemas de habitação nas principais cidades foram enfrentados. Na
Educação deram-se avanços significativos, erigiram-se novas escolas e dignificou-se a classe de professores.


A proclamação da Republica Portuguesa foi sem dúvida o primeiro grande marco da causa da Liberdade no Portugal do Século XX, apesar dos limites e das incapacidades no cumprimento dos mais puros ideais republicanos que se verificou nos anos seguintes.

Na sequência da implantação da República não podemos ainda esquecer a Greve geral dos trabalhadores agrícolas de que tomaram parte os trabalhadores do Ribatejo, com particular ênfase para os de Coruche, em Março de 1911. Em Julho desse mesmo ano, os trabalhadores rurais de Coruche estavam na vanguarda das lutas possibilitadas com a Revolução da República, e através da sua associação de classe a ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS DE CORUCHE fundada nesse mesmo ano por Manuel Ferreira Quartel, um operário de Coruche que muito contribuiu para a organização sindical dos trabalhadores em Portugal, conseguiram a elevação dos magros salários e pela primeira vez no nosso concelho uma regulamentação do horário de trabalho.

Os ideais republicanos aprisionados durante a ditadura fascista (1926/1974) permaneceram vivos na memória do Povo Português como acto de libertação e a comemoração do 5 de Outubro transformou-se em jornada de luta, inserida na torrente que abriu caminho à Revolução de Abril e que finalmente cumpriu objectivos libertadores que a revolução republicana não soube ou não pôde cumprir."

Intervenção CDU na Assembleia Municipal de Coruche.