quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vitória do Trabalho contra o capital na Jornada de luta que foi a GREVE GERAL.

Começo por escrever, que infelizmente quem ler este post não pode ver o sorriso com que estou neste  momento.

Doí-me o corpo e tenho sono,  mas ainda assim não quis deixar de escrever estas linhas, pois a satisfação que tenho neste momento é crida por um momento único na vida do povo português. Sinto orgulho por ter participado na realização da Greve Geral e mais orgulho sinto ainda em todos os que nela participaram num gesto de revolta contra um sistema explorador de quem trabalha e numa afirmação da necessidade de mudança de politicas. 

A campanha contra a Greve Geral foi muita, desde patrões que espalharam boatos de que a Greve não era para todos, patrões que exigiram serviços mínimos onde eles não são necessários, bloqueios às reuniões dos trabalhadores, coação de trabalhadores, etc.

No entanto enquanto seguia para Évora esta manhã, ouvi na TSF que a emissão estaria a sofrer problemas devido à Greve Geral e se tinha alguma incerteza em relação ao sucesso da Greve Geral,  nessa altura acabava de cair por terra.

Desde as 0 horas, participei em diversos piquetes de greve e infelizmente  tive que me confrontar com algumas situações no mínimo desagradáveis e que visavam apenas bloquear o direito constitucional à greve.

Dessas situações não posso deixar de destacar o plutão de vigilantes que estiveram à entrada da "Tyco" e que para além de malcriados e insultuosos, tentaram que o piquete de greve saísse para fora do parque de estacionamento da empresa (coisa que lhe é permitido  sem qualquer dúvida) , a directora de recursos humanos da "Kemet" que ainda ontem tentara a mesma proeza e por fim na "João de Deus" o reforço de vigilantes à entrada da empresa que por sua vez se faziam acompanhar de duas chefes de turno que apontavam as reacções dos trabalhadores (gesto muito democrático).

No entanto e embora em alguns  casos estas medidas do patronato até tenham condicionado os trabalhadores na sua opção de aderir à Greve, na maior parte dos casos não foram bem sucedidos.

No distrito de Santarém a Greve foi significativa e muitos locais de trabalho onde antes ninguém aderia a uma greve, hoje foram bafejados com um gesto de liberdade dos seus trabalhadores.

Saliento a coragem e determinação dos trabalhadores da "Teletejo" e "Electrotejo" que fizeram frente às muitas coisas ditas nos últimos tempos pelo patrão e que aderiram à Greve, numa expressão de 50% na primeira e de 8 trabalhadores na segunda.

Mais perto, em Coruche, o Tribunal, as Escola Básicas, a Escola Secundária, a Barranqueiro, as escolas de 1º ciclo, as Juntas de Freguesia, as Finanças, os CTT distribuição e a creche do Couço fecharam totalmente. Na Câmara Municipal a adesão foi de 90%,  sendo residual o número de trabalhadores que optou por não aderir à luta, nas instalações do Rossio e da Zona Industrial do Monte da Barca. No edifício dos Paços do Conselho a resposta dos trabalhadores à não adopção da Opção Gestionária por parte dos eleitos do PS no executivo e aos cortes nos salários decretados pelo governo, tomou forma com a adesão à Greve que só foi quebrada por 12 trabalhadores.

A Greve Geral de 2010 marca uma clara intenção dos trabalhadores portugueses em mudarem o rumo das politicas até agora praticadas. A adesão à Greve de 3 milhões de trabalhadores é um recado ao governo e ao patronato de que estamos fartos de miséria, precariedade, chantagens, desemprego e de imaginar que a geração de amanhã irá ser uma geração com menos direitos que a nossa.

Nem as algumas atitudes de violência que se registaram através de patrões descontrolados ou de abusos das forças policiais, foram capaz de impedir o sucesso da Greve Geral.

Foi a maior Greve de sempre em Portugal. Certamente que o País não vai mudar 180º já amanha, mas alguma coisa irá mudar e uma ideia está assente: Exigimos respeito e a dignidade ninguém nos tira!

A Ministra já nem consegue disfarçar o constrangimento causado pelos números de adesão à Greve, o PSD tenta dar um ar de esquerda para não ficar de fora e o CDS fala ao coração daqueles mesmos a que ajuda a roubar quando vota no parlamento.  
Uma palavra de apresso ao PCP, o meu partido, o partido que realmente defende quem trabalha e que esteve presente de corpo e alma na Greve Geral como se pode sentir em Évora com a presença do deputado João Ramos e em Santarém com a Presença do deputado António Filipe.

Só quem viveu a Greve Geral percebe esta sensação de satisfação e de alegria que sinto neste momento.

Termino este dia com uma enorme saudação a todos os que hoje contribuíram para um Portugal melhor, mais justo e solidário.  Desses terei obrigatoriamente que destacar os que corajosamente estiveram em piquetes de greve. Saúdo então com especial relevo: a comissão sindical da kemet, a comissão sindical da Câmara de Coruche, o delegado sindical dos CTT Coruche e o camarada Paulo Henrique, a comissão sindical da Martifer, os dirigentes sindicais da Póstejo, os dirigentes e delegados sindicais da Barranqueiro, os dirigentes do  sector das madeiras e todos os outros activistas sindicais com que pude participar nos piquetes de Greve.

Pelo sucesso que foi e pelo que representa a vitória desta luta, termino com um efusivo:

VIVA A GREVE GERAL!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Arrancou a Greve Geral.

A Greve Geral convocada pela CGTP, arrancou no dia 23 de Novembro em Évora.

Foram os trabalhadores da KEMET que arrancaram esta jornada de luta.

A adesão foi de cerca de 20 trabalhadores no turno que começava a trabalhar às 8 da manhã. 

Houve ainda uma tentativa de intermissão por parte da directora dos recursos humanos da empresa, que ao chegar à empresa tentou intimidar os membros do piquete de greve, solicitando que saíssem das instalações da empresa. No entanto os trabalhadores não cederam e o piquete continuou a exercer as suas funções nas instalações da empresa.

Viva a Greve Geral.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um partido que leva as necessidades das populações mais longe.


Arranca a Greve Geral.

Amanhã irá arrancar às 8 horas em Évora a Greve Geral.

A minha ausência neste espaço em muito é devida à preparação desse grande dia de luta.

As expectativas estão altas um pouco por toda a parte e o sentimento de descontentamento e revolta com a politica do governo é grande.

Mais são ainda os que sentem que a Greve é uma forma de mostrarem ao patronato que basta de injustiças.

Também um pouco por toda a parte o patronato tem tentado bloquear e boicotar o sucesso desta luta.
Aínda assim não esperava que o descaramento de alguns responsáveis fosse tão grande. 

Aliás, tratasse de uma enorme provocação o que pude constatar hoje, ao consultar a pagina Web da Câmara  Municipal de Coruche.

Indiferentes aos sacrifícios e às vontades dos trabalhadores coruchenses o Presidente da Câmara convocou a Reunião de Câmara para o dia da Greve Geral. Bem podem falar do alto para os jornais e a tv, dizendo que estão do lado dos trabalhadores e do povo, quando no concreto a sua solidariedade é esta... uma provocação desmedida!


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Zangam-se as comadres.

E ainda há quem diga que a história não é cíclica!

Pena que em Junho, quando foi para dar de mão beijada 10 mil euros para a publicação da monografia sobre o centro de Saúde de Coruche, a posição oficial do PS na Câmara não fosse essa.


Ingenuidade ou algo que nos ultrapassa?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Agonização na luta de classes.

Esta semana ficará certamente marcada para muitos como a a semana da aprovação do Orçamento de Estado.

Quanto a esta matéria não vale a pena alargar-me muito. infelizmente, já há muito tempo que se sabia que embora existisse muita agitação à volta da encenação criada pelo PSD que o Orçamento iria ser aprovado.

Já o ditado popular diz: "Os cães ladram, mas a caravana passa". E como não havia a caravana passar, se este Orçamento é um orçamento à boa moda da  direita?

Não pode ainda ser descurado o oportunismo do PSD, que consegue de forma dramática ranger os dentes, chorar, jurar amor à Pátria e por fim, a "bem da Nação", abster-se no Orçamento com argumento  de ter sido melhorado e da sua aprovação ser vital para o desenvolvimento do País. 

Enfim, tretas de quem já só pensa em alcançar uma maioria absoluta, reforçada pelo velho objectivo da direita portuguesa, de ter um Presidente e uma maioria parlamentar de direita.

O Presidente da República por sua vez, homem ponderado e cujo o único partido é Portugal (IRONIA), dá mais umas cartas na sua campanha eleitoral sem outdoors, mas paga por todos nós.

Noutras alturas não apareceu para cumprir impor o cumprimento da constituição e agora é vê-lo todos os dias a trazer lições de ética e moral aos portugueses.

No entanto este Presidente que na verdade não é de todos os portugueses, porque exerce o seu mandato em beneficio de uma minoria e não da maioria, o Presidente da Crise, porque foi ele que não interveio para a bloquear, veio agora tentar demonstrar que é um homem do séc XXI.

Colocou então, alguns comentários ao Orçamento e à sua discussão na Assembleia da República, na sua página no facebook e no Twitter.

Sinceramente, não havia necessidade de tal exibicionismo de baixo custo! A entidade superior em Portugal, banaliza as suas palavras e as suas intervenções em simples comentários de internet.
A figura de Presidente da República não merecia de facto tal desconsideração.

Lamentar que para este fediver tenha tempo e aos trabalhadores da Platex, se tenha limitado a agradecer a recepção de uma carta de apelo à sua intervenção.

Mas falemos  daquela realidade que os trabalhadores portugueses sentem todos os dias no seu trabalho, porque enquanto na AR, PS e PSD trocam galhardetes em como agonizar as condições de vida dos trabalhadores, cá fora sentem-se todos os dias os efeitos das suas politicas.

Esta semana já tive contacto com três casos, em três empresas distintas, em três distritos diferentes e que numa coisa se equiparam: pelo não cumprimento da legislação e pelo desrespeito pelos direitos de quem trabalha.

Em Beja, tive contacto com uma empresa que não discute com os trabalhadores a marcação de férias e que mais grave, se recusa a aceitar justificações de acompanhamento de mulher grávida a consultas pré- natal. Empresa Multinacional Espanhola.

Em Évora , a mesma empresa que se recusa a deixar os trabalhadores gozarem, 22 dias úteis de férias e que em breve irá ser condenada em tribunal por esse acto e obrigada a pagar em triplicado os dias que não concede, teve mais uma atitude autoritária.
Desta vez a empresa serviu-se do facebook de uma trabalhadora para instalar um processo disciplinar com intenção de despedimento a esta mesma trabalhadora. Alega a empresa que a trabalhadora não cumpriu com o dever de lealdade para com a empresa, pelo facto de embora não ter citado o nome da empresa, ter no seu perfil efectuado alguns comentários sobre a administração da empresa.
E é disto que temos,  até o direito à contestação nos tentam retirar. Empresa Multinacional.

Mas para que não se pense que só as Multinacionais é que praticam esta barbárie, por fim termino com o exemplo de uma empresa de telecomunicações no concelho de Coruche.

A empresa a que me refiro, desde sempre realiza atropelamentos em matéria de categorias profissionais, salários, horários de trabalho, etc.

Se há algum tempo abusava na contratação a termo verto, por forma a manter os trabalhadores na incerteza sobre o seu futuro e assim condicionar a sua acção reivindicativa, agora realiza inúmeras contratações a termo incerto, agravando a situação anterior e mantendo estes trabalhadores 
(sobretudo jovens) a contrato até 6 anos.

Mas o conceito que os trabalhadores são descartáveis, toma peso de tal forma  nessa empresa que agora já se dão ao luxo de efectuar despedimentos sem fundamentos legais para o efeito.

Esta semana, a empresa em causa , atingiu o auge em matéria de precariedade, despedindo um trabalhador por este se recusar a realizar trabalho suplementar todos os dias, trabalho que ainda por cima não é remunerado.

A desfaçatez é tanta que o trabalhador tentou ainda falar com o "patrão" para que este não permitisse tamanha injustiça e o Sr. por sua vez deu-lhe a entender que como era um jovem e sem esposa ou filhos, podia bem satisfazer a vontade da empresa.

Desta forma bem pode a empresa em causa utilizar adjectivos requintados como o de "colaborador" para cativar os seus trabalhadores, porque na realidade a velha relação patrão/ trabalhador está bem definida.

O jovem a que me refiro decidiu tomar uma posição de coragem e irá lutar contra este despedimento e certamente irá ser reintegrado na empresa. Uma verdadeira atitude de coragem, contra o sistema.

Estes três exemplos são exemplos bem claros de como a luta de classes se têm agonizado nos últimos tempos. De um lado o patronato apoiado pelo governo e pelo outro os trabalhadores que mais conscientes e cada vez mais atacados pelos primeiros se vêem entre  a espada e a parede e desta forma lutam para preservar o que é seu.

Os comentadores do sistema falam na necessidade do consenso, no entanto ocultam que foi esse mesmo consenso que nos trouxe até ao buraco em que estamos.

Com o OE agora aprovado pelo PS e PSD, o ano de 2011 será um ano de austeridade para os trabalhadores portugueses, austeridade tal que certamente irá provocar as mais diversas jornadas de luta e reforçar a luta de classes, pois começa a ser impossível suportar não só as medidas do governo mas também o ambiente que se vive nas empresas.

Serão então os trabalhadores portugueses que irão castigar os mentores destas politicas e os que as põem em prática e construir um país melhor.