domingo, 17 de outubro de 2010

O Orçamento.

Depois de dois atrasos por parte do governo, na entrega do Orçamento de Estado (OE) para 2011, foi ontem finalmente entregue aos grupos parlamentares o OE.

Mas a trapalhada não se ficou só pelos atrasos. Num enorme acto de falta de rigor e desrespeito pelos organismos democráticos, à versão do OE entregue na sexta-feira à noite,pelo ministro das finanças, faltava parte da documentação. Ainda assim o PS num gesto que não passou de mais uma jogada de fediver, daquelas a que já estamos habituados, tentou fazer toda uma cerimónia à volta do OE ser entregue numa Pen.

Já antes da entrega do famigerado OE para 2011 e de forma a acalmar a banca e o capital, o ministro veio a público anunciar que este OE seria um dos mais duros de sempre e que iria exigir sacrifícios de todos.

Enquanto recebia os  grupos parlamentares, em fase de elaboração do documento, chegou a afirmar que a rigidez e os sacrifícios deste orçamento seriam "de mal o menos”.

Pois bem, conhecido que está o OE a máscara caí mais uma vez.

Mais uma vez comprova-se que este OE não é mais do que uma ferramenta para garantir os elevados lucros e os interesses dos grandes grupos financeiros.


Traduzido em números, aqueles números que realmente interessam ao povo português e aos trabalhadores, porque são os números que controlam a sua vida ao ponto de em muitos casos terem que decidir se compram o pão ou os medicamentos que precisam, o OE é isto:

  • Cortes na educação de 200 milhões de euros.
  • Cortes na saúde de 12,8%. 
  •   Aumento da carga fiscal de 22,5% 
  • Aumento do IVA em 2% 
  • Aumento das deduções fiscais.
  • Cortes nos abonos de família (atingindo 1 milhão e 500 mil famílias).
  • Cortes nas reformas e nos subsídios de inserção social (afectará 3 milhões e 500 mil famílias)
  • Cortes nas deduções relacionadas com saúde e educação.
  •  Cortes nas transferências do estado para a Segurança Social na ordem dos 10%.
 Mas as malfeitorias previstas no OE não ficam por aqui. O descaramento é tal que existem bens essências onde o IVA será aumentado de 6% para 13% (aumento de 127%) e outros de 6% para 23% (aumento de 383%).
Nestes produtos estão incluídos os leites achocolatados, os leites especiais para crianças e leites e sobremesas de soja, que aproveito para lembrar que existe pessoas intolerantes à lactose e como tal estes produtos não são um luxo.

Para além destas medidas homicidas para a vida dos portugueses, o governo PS, irá congelar  ou reduzir salários e eliminar postos de trabalho na função pública.

Dá o dito por não dito em relação ao aumento do salário mínimo para 500€ no próximo ano e incentiva os patrões a baixar os salários.

O PS admite ainda que vai privatizar as últimas empresas que dão lucro ao estado (no desespero de assim encaixar 1,87 milhões de euros) , que vai reduzir as verbas de PIDDAC 10%, que vai reduzir nas transferências para as autarquias 9,5%, que a despesa com os juros da divida vão aumentar mais de mil milhões e que o desemprego irá chegar aos 10,8%.

À pergunta: E quando vai o País voltar ao normal? A resposta do governo é simples: Não sabemos. 

Mas a desorientação é tanta, que quanto à produção nem uma palavra. Este governo não têm qualquer projecto para o País, limitando-se a andar à deriva ao serviço dos interesses de Bruxelas, nem que para isso nos tenha que conduzir a todos à miséria.
E as promessas de taxar a banca? Afinal a crise não é de todos?
É nesse ponto que mais uma vez se pode observar a opção de classe do governo e do PS.
À banca existem ameaças de taxar 0,01%, quanto muito 0,02%.

E aos grandes grupos económicos? Tudo na mesma.

Nunca é demais relembrar, nos últimos 6 meses, 23 empresas em Portugal totalizaram 3 mil milhões de lucros. 6670 milhões hora é o que a Galp, o Grupo Amorim, a Sonae, a EDP, o Grupo Jerónimo Martins , etc, ganharam à custa do suor dos trabalhadores portugueses a quem somente pagam 500 € por mês.

É este o conceito de justiça social do PS? Então e os aumentos das reformas e pensões, dos salários e a criação dos 150 mil postos de trabalho. Mentiras e mentiras!

Este orçamento certamente irá ter uma coisa boa...  irá unir os portugueses no próximo dia 24 de Novembro. Irá unir os trabalhadores e os estudantes na jornada histórica que será Greve Geral.

Agora é a vez de os portugueses dizerem ao ministro: "de mal o menos" se o OE não for aprovado e o Sr.e o governo se forem embora.