quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Direito à indignação ou Direito à verdade?

Chegado de férias  tive vontade de voltar a alguns hábitos e rotinas  do quotidiano. Confesso que 14 dias sem saber de nada do que se passava pelo país e pelo concelho me deixaram um bocado stressado e apreensivo.


Depois do convívio familiar a que a chegada obriga, acabei por não resistir e fui consultar as duas últimas edições do jornal regional "O Mirante". Sabia no entanto que durante a minha ausência tinha sido publicada mais uma edição do jornal interconcelhio "Mais Região". Jornal aliás com o qual confesso até simpatizar, pois tirando uma ou duas derrapagens, nota-se que os responsáveis tentam dar a palavra a todas as forças politicas.



No entanto não pude deixar  de reparar no editorial desse mesmo jornal. No editorial a que me refiro, pertencente à edição nº66, surgem algumas considerações por parte da Directora do jornal que; em 1º lugar não correspondem à verdade dos factos e em 2º lugar mete em causa a imparcialidade desse órgão de comunicação em especial. 

No editorial a que me refiro, são tecidos pela parte da Directora alguns comentários e considerações sobre o plano de contenção de despesas apresentado pela CDU em Coruche. 

Numa altura em que  o governo PS de José Sócrates de braço dado com o PSD de Paços Coelho, obrigam as famílias portuguesas a apertarem ainda mais o cinto, através do congelamento de salários, do aumento do IVA, do roubo através da subida do IRS e nos cortes nos apoios sociais, a CDU entende que não basta mandar os outros fazer, mas que também  é  necessário dar o exemplo. Como tal e sendo visivel por todos o esbanjamento de dinheiro do executivo PS na Câmara Municipal, a Coordenadora Concelhia da CDU apresentou à Câmara um conjunto de medidas de moralização e contenção, para que mais tarde não se venha a dizer que as obras necessárias para o bem estar dos coruchenses não se realizaram por falta da verbas.

Nesse conjunto de medidas era apontado à Câmara que até ao final do ano fizesse um corte na publicidade não institucional. De facto não é dificil ver onde anda o dinheiros dos coruchenses. Basta visitar sítios de internet ou folhear um jornal e logo se encontram páginas inteiras de propaganda (bem paga) do município de Coruche.

Mas então qual é a moral do PS quando mantém a taxa de IMI nos valores máximos argumentando a necessidade dessas verbas nos  cofres da autarquia e depois esbanja assim o dinheiro?

No entanto e como é óbvio este órgão de comunicação social em especifico sentiu-se afectado com a proposta desta medida. Mas têm que ser os coruchenses com os seus impostos a manter a viabilização financeira de um órgão independente de comunicação social?

No meu entender para se financiar o jornal em causa deve sim procurar a forma de abranger mais público e  contestar o seu descontentamento por cada vez mais os cidadãos terem que optar por comprar um jornal ou o pão do dia. Desta forma não irá ter que ficar à espera de "esmolas" por parte das autarquias... até porque essa situação poderá condicionar fortemente a sua imparcialidade jornalística. Mas mais uma vez não fico admirado com esta situação, pois difícil é abdicar  dos nossos interesses pessoais em prole dos interesses colectivos.

Nesse mesmo editorial a Sra. Directora indica que a suspenção da publicidade não institucional seria só para os jornais e não para a rádio. Pois bem simplesmente isso não é verdade! A medida visava todos os órgãos de comunicação social independentemente da sua forma. A CDU não aceita que numa altura de crise que ainda por cima não foi provocada pelos trabalhadores, que estes não vejam o apoio necessário da autarquia em detrimento de propaganda que visa apenas encher o ego a alguns e os bolsos a outros.

Por fim pena que para além no editorial em causa, não se tenha separado o trigo do joio e não se tivesse preservado a famigerada  imparcialidade. 

Mais ainda; não seria preferível salientar a importante proposta da CDU para que os eleitos a tempo inteiro abdicassem de 10% das suas ajudas para representação? lembrar que embora fosse uma medida simbólica seria uma forma de o Partido Socialista demonstrar que não governa só para o  seu umbigo.

Mas isso realmente não interessa divulgar aos coruchenses, o que interessa é preservar um lugar ao sol.