Começo por escrever, que infelizmente quem ler este post não pode ver o sorriso com que estou neste momento.
A campanha contra a Greve Geral foi muita, desde patrões que espalharam boatos de que a Greve não era para todos, patrões que exigiram serviços mínimos onde eles não são necessários, bloqueios às reuniões dos trabalhadores, coação de trabalhadores, etc.
Desde as 0 horas, participei em diversos piquetes de greve e infelizmente tive que me confrontar com algumas situações no mínimo desagradáveis e que visavam apenas bloquear o direito constitucional à greve.
Dessas situações não posso deixar de destacar o plutão de vigilantes que estiveram à entrada da "Tyco" e que para além de malcriados e insultuosos, tentaram que o piquete de greve saísse para fora do parque de estacionamento da empresa (coisa que lhe é permitido sem qualquer dúvida) , a directora de recursos humanos da "Kemet" que ainda ontem tentara a mesma proeza e por fim na "João de Deus" o reforço de vigilantes à entrada da empresa que por sua vez se faziam acompanhar de duas chefes de turno que apontavam as reacções dos trabalhadores (gesto muito democrático).
No entanto e embora em alguns casos estas medidas do patronato até tenham condicionado os trabalhadores na sua opção de aderir à Greve, na maior parte dos casos não foram bem sucedidos.
No distrito de Santarém a Greve foi significativa e muitos locais de trabalho onde antes ninguém aderia a uma greve, hoje foram bafejados com um gesto de liberdade dos seus trabalhadores.
Mais perto, em Coruche, o Tribunal, as Escola Básicas, a Escola Secundária, a Barranqueiro, as escolas de 1º ciclo, as Juntas de Freguesia, as Finanças, os CTT distribuição e a creche do Couço fecharam totalmente. Na Câmara Municipal a adesão foi de 90%, sendo residual o número de trabalhadores que optou por não aderir à luta, nas instalações do Rossio e da Zona Industrial do Monte da Barca. No edifício dos Paços do Conselho a resposta dos trabalhadores à não adopção da Opção Gestionária por parte dos eleitos do PS no executivo e aos cortes nos salários decretados pelo governo, tomou forma com a adesão à Greve que só foi quebrada por 12 trabalhadores.
A Greve Geral de 2010 marca uma clara intenção dos trabalhadores portugueses em mudarem o rumo das politicas até agora praticadas. A adesão à Greve de 3 milhões de trabalhadores é um recado ao governo e ao patronato de que estamos fartos de miséria, precariedade, chantagens, desemprego e de imaginar que a geração de amanhã irá ser uma geração com menos direitos que a nossa.
Nem as algumas atitudes de violência que se registaram através de patrões descontrolados ou de abusos das forças policiais, foram capaz de impedir o sucesso da Greve Geral.
Foi a maior Greve de sempre em Portugal. Certamente que o País não vai mudar 180º já amanha, mas alguma coisa irá mudar e uma ideia está assente: Exigimos respeito e a dignidade ninguém nos tira!
A Ministra já nem consegue disfarçar o constrangimento causado pelos números de adesão à Greve, o PSD tenta dar um ar de esquerda para não ficar de fora e o CDS fala ao coração daqueles mesmos a que ajuda a roubar quando vota no parlamento.
Só quem viveu a Greve Geral percebe esta sensação de satisfação e de alegria que sinto neste momento.
Termino este dia com uma enorme saudação a todos os que hoje contribuíram para um Portugal melhor, mais justo e solidário. Desses terei obrigatoriamente que destacar os que corajosamente estiveram em piquetes de greve. Saúdo então com especial relevo: a comissão sindical da kemet, a comissão sindical da Câmara de Coruche, o delegado sindical dos CTT Coruche e o camarada Paulo Henrique, a comissão sindical da Martifer, os dirigentes sindicais da Póstejo, os dirigentes e delegados sindicais da Barranqueiro, os dirigentes do sector das madeiras e todos os outros activistas sindicais com que pude participar nos piquetes de Greve.
Pelo sucesso que foi e pelo que representa a vitória desta luta, termino com um efusivo: