quarta-feira, 25 de abril de 2012

Abril está aí.

Desde de Novembro que não consigo encontrar um bocado para deixar qualquer post no Ventos.
Muito passou entretanto: grandes manifestações como as de 11 de Fevereiro e a de 31 de Março, fui identificado pela GNR numa acção de luta em Santa Justa, visitei Barcelona e até já não sei bem se escrevo correctamente com a entrada em vigor do acordo ortográfico.
Não sabendo quando consigo voltar a deixar algum post, não podia deixar de assinalar mais um aniversário da Revolução de Abril.

Passam exactamente 38 anos daquela madrugada histórica em que os militares avançaram para o derrube da "besta fascista" e em que o povo saiu em massa para a rua afirmando a vontade de mudança, afirmando que era hora de ser livre.

Ano após ano surgem nesta data surgem novos episódios de branqueamento do que  foi o fascismos. Nunca é de mais  relembrar que o actual presidente da república já nem se dá ao trabalho de colocar um cravo na lapela em cerimónias oficiais.

Este ano é a Associação 25 de Abril, Mário Soares e Manuel Alegre que vêem marcar passo recusando-se a participar nas comemorações oficiais do 25 de Abril.

Atitudes hipócritas de alguns que inclusive ajudaram a enfraquecer alguns dos ideais de Abril. Veja-se o Mário Soares a defender o 25 de Novembro da mesma forma do 25 de Abril como se fosse comparável. 
Como o camarada Álvaro escreveu: " As verdades e as mentiras na Revolução de Abril, a contra revolução confessa-se".

Numa altura em que o capital acentua como nunca  desde o 25 de Abril o seu carácter exploratório sobre quem trabalha, não comemorar e não afirmar os ideais de Abril é o equivalente a entregar de mão beijada as conquistas que restam.

Mas este problema na verdade não reside nas três ou quatro figuras que anunciaram que não iriam participar nas comemorações, pois esses já há muito provaram de que lado estão.
Mais uma vez veja-se o exemplo do Mário Soares que atacou como ninguém a reforma agrária, conquista maior de Abril que elevou a qualidade de vida dos trabalhadores agrícolas e contribuiu para a soberania nacional.
O problema reside naqueles a quem eles chegam através da comunicação social e que não tendo ideias definidas assumem que baixar os braços é uma forma de luta.

Essa nunca foi uma forma de luta, bem pelo contrário a Revolução de Abril é um exemplo que só lutando é possível alcançar as vitórias.

Antes de Abril, existia a fome, a miséria, a guerra, a repressão, a tortura e a exploração.
Problemas cujo centenas de homens e mulheres enfrentaram corajosamente, metendo a sua liberdade e vida em risco por um sonho da liberdade e de uma vida melhor.

São esses homens e mulheres que devem ser homenageados, são eles que não podem ser esquecidos, pois foi com eles que se criaram as condições para a construção de Abril.

Nesse sentido há 2 anos avancei com uma primeira gravação para um projecto que por falta de tempo acabou por nunca vir a realizar-se.
O objectivo era gravar um conjunto de depoimentos em vídeo de antifascistas do Couço, para mais tarde construir uma pequena curta metragem de homenagem e de preservação de memória colectiva, com o nome "Terra Vermelha".

A curta não foi realizada, no entanto hoje acabei por juntar alguns excertos dos depoimentos do camarada Manuel Brás, os quais deixo aqui no ventos para que nunca nos seja possível esquecer o que alguns sofreram para construir Abril e o que Abril nos ofereceu.